O cineasta independente Henry Jaglom, conhecido por filmes como Always (1985), New Year’s Day (1989), Last Summer in the Hamptons (1995) e Déjà Vu (1997), morreu aos 87 anos, segundo o jornal The New York Times.
Um cineasta polêmico e provocador
Jaglom ficou famoso tanto pelo estilo pessoal quanto pelo modo pouco convencional de dirigir. Para alguns críticos, ele era um “gênio do cinema independente” e uma voz feminista; para outros, um cineasta excessivamente egocêntrico. Sua abordagem cinema vérité, improvisada e sem roteiros formais, confundia e fascinava ao mesmo tempo.
Em 1997, o documentário Who Is Henry Jaglom? (Quem é Henry Jaglom?) retratava bem essa dualidade: amigos e colaboradores o viam como ousado e encorajador, enquanto outros apontavam arrogância e falta de disciplina. A atriz Candice Bergen chegou a brincar: “Se eu tivesse Henry como marido ou pai, provavelmente teria conquistado a Polônia”. Já nomes como Dennis Hopper e Ron Silver elogiavam seu método inovador.
Filmes marcantes
Entre suas obras mais conhecidas, estão:
- Always (1985) – um relato quase autobiográfico sobre o fim de seu primeiro casamento.
- New Year’s Day (1989) – em que ele próprio interpreta um homem em crise de meia-idade.
- Eating (1990) – discussão entre mulheres sobre vida, relacionamentos e comida.
- Venice/Venice (1992) – romance entre um diretor americano e uma jornalista.
- Babyfever (1994) – sobre o dilema de ter ou não filhos.
- Last Summer in the Hamptons (1995) – comédia de costumes inspirada em Chekhov e Woody Allen.
- Déjà Vu (1997) – uma narrativa romântica inspirada em sua relação com a atriz Victoria Foyt.
- Outras produções incluem Um Festival em Cannes (Festival in Cannes, 2001), Going Shopping (2005), Hollywood Dreams (2006), Irene in Time (2009) e Ovation (2015).
Embora nunca tenha alcançado grandes bilheterias, sua obra conquistou seguidores fiéis e críticos interessados em seu olhar íntimo e provocador.
De Londres a Hollywood
Nascido em Londres em uma família judaica de origem russa e alemã, Jaglom se mudou para os Estados Unidos ainda criança, fugindo do nazismo em 1939. Estudou na Universidade da Pensilvânia e treinou no famoso Actors Studio, em Nova Iorque, sob a tutela de Lee Strasberg.
Na juventude, chegou a atuar em séries de TV como Gidget e The Flying Nun (A Noviça Voadora), além de aparecer em filmes como Busca Alucinada (Psych-Out, 1968) e O Amanhã Chega Cedo Demais (Drive, He Said, 1971), dirigido por Jack Nicholson. Também colaborou na edição de Sem Destino (Easy Rider, 1969), clássico de Dennis Hopper.
Vida pessoal e legado
Jaglom foi casado duas vezes, primeiro com a atriz Patrice Townsend e depois com a atriz e roteirista Victoria Foyt, ambas relações terminadas em divórcio. Ele deixa dois filhos: Sabrina Jaglom e Simon Jaglom.
Em 2013, ganhou nova projeção com a publicação de My Lunches With Orson, livro que reuniu conversas íntimas entre ele e Orson Welles, seu amigo e mentor.
Reconhecido como um maverick do cinema independente, Henry Jaglom deixa um legado de filmes que desafiaram convenções, exploraram fronteiras entre vida e arte e dividiram opiniões, mas sempre buscaram provocar reflexão.
Nota sobre títulos no Brasil: Alguns de seus filmes chegaram a ser exibidos em festivais ou em vídeo com títulos adaptados, só que muitos de seus filmes dificilmente chegaram ao circuito comercial brasileiro, permanecendo conhecidos apenas pelo título original.