Crítica | Lift: Roubo nas Alturas (2024)

Um voo turbulento no cinema de ação

Lift: Roubo nas Alturas (Lift)“, dirigido por F. Gary Gray, é uma tentativa ousada de combinar o humor característico de Kevin Hart com a tensão de um filme de assalto em pleno voo. A trama gira em torno de Cyrus, interpretado por Hart, um ladrão internacional que se une à sua ex-namorada e agente da Interpol, Abby (interpretado por Gugu Mbatha-Raw), para realizar um roubo audacioso: sequestrar 500 milhões de dólares em barras de ouro durante um voo de Londres para Zurique. Com um elenco estelar e uma premissa empolgante, o filme promete ser uma montanha-russa de ação e humor, mas será que ele realmente decola?

Crítica

O filme começa com uma sequência de assaltos simultâneos, estabelecendo rapidamente o ritmo acelerado que permeia toda a narrativa. Cyrus lidera uma equipe de ladrões altamente especializados, cada um com habilidades distintas que são exploradas durante a execução do plano. A direção de F. Gary Gray, conhecida por sua habilidade em criar cenas de ação vibrantes e sequências complexas, é evidente aqui, especialmente nas cenas de assalto que exigem coordenação e execução precisas.

Kevin Hart, no papel principal, traz seu carisma habitual, mas dessa vez em um contexto mais sério. Embora seu talento cômico seja evidente, ele consegue equilibrar as nuances de um personagem que é tanto astuto quanto vulnerável. Hart não apenas se limita a ser o alívio cômico; ele entrega uma performance que, embora divertida, é surpreendentemente emocional em alguns momentos, especialmente nas interações com Abby.

Gugu Mbatha-Raw, como Abby, oferece uma atuação sólida, trazendo profundidade a um personagem que poderia facilmente ter sido unidimensional. Sua química com Hart é palpável, e as tensões do passado entre os dois personagens adicionam uma camada de complexidade ao enredo, especialmente quando a lealdade e as motivações de Abby são postas à prova.

O elenco de apoio também merece destaque. Sam Worthington, como o comandante Huxley, traz uma presença imponente ao filme, embora seu personagem careça de desenvolvimento mais profundo. Jean Reno, no papel do vilão Lars Jorgensen, é eficaz, mas previsível, não oferecendo muito além do que já vimos em outros filmes de ação. A atuação de Úrsula Corberó como Camila, a piloto habilidosa, é outra adição interessante, embora seu papel seja subutilizado.

A trama e o roteiro

O roteiro de Daniel Kunka é um dos pontos fracos do filme. Embora a premissa seja intrigante e ofereça inúmeras oportunidades para cenas de ação criativas, o desenvolvimento da história é, por vezes, inconsistente. Algumas reviravoltas são previsíveis, e o filme parece tentar compensar isso com um excesso de diálogos expositivos que, em vez de adicionar profundidade, acabam por desacelerar o ritmo.

Um dos maiores desafios do filme é manter a tensão durante toda a sua duração. O conceito de realizar um assalto em pleno voo é emocionante, mas à medida que o filme avança, a plausibilidade de certas ações começa a ser questionada. A complexidade do plano e a execução perfeita das etapas parecem forçadas em alguns momentos, fazendo com que o espectador precise de uma boa dose de suspensão de descrença.

No entanto, o filme acerta ao equilibrar momentos de alta tensão com o humor característico de Hart. As piadas são bem colocadas e ajudam a aliviar a tensão em momentos oportunos, sem tirar o foco da trama principal.

Cenas de Ação e Efeitos Especiais

As cenas de ação em “Lift: Roubo nas Alturas (Lift)” são, sem dúvida, o ponto alto do filme. Gray, com sua experiência em filmes como “Velozes e Furiosos 8”, sabe como orquestrar sequências de ação de tirar o fôlego. A cinematografia é dinâmica, com ângulos de câmera criativos que capturam a claustrofobia e a intensidade de estar em um avião durante um roubo.

Os efeitos especiais são usados com moderação, mas de forma eficaz. A sequência do roubo no avião, em particular, é um exemplo de como a tensão pode ser criada em espaços confinados. O filme utiliza bem o cenário limitado de um avião, transformando-o em um labirinto de perigo iminente.

Entretanto, algumas cenas de ação, especialmente no terceiro ato, parecem cair na armadilha do exagero, onde a lógica é deixada de lado em favor de explosões e acrobacias espetaculares. Isso pode agradar aos fãs de filmes de ação mais frenéticos, mas para aqueles que procuram uma narrativa mais fundamentada, pode ser um pouco decepcionante.

Personagens e Relações

Além de Cyrus e Abby, os membros da equipe de roubo são apresentados com características distintas, embora alguns recebam mais atenção do que outros. Magnus (interpretado por Billy Magnussen), o especialista em cofres, e Mi-Sun (interpretado por Yun Jee Kim), a hacker da equipe, recebem algum desenvolvimento, mas muitos dos outros personagens são relegados a papéis secundários sem muito a acrescentar à narrativa.

A relação entre Cyrus e Abby é o coração do filme. Suas interações são carregadas de tensão e história, e o filme explora bem o passado conturbado dos dois, embora pudesse ter se aprofundado mais nas motivações e nos conflitos internos de Abby. A ideia de uma agente da Interpol se aliar a um criminoso para evitar um mal maior é intrigante, mas o roteiro falha em explorar completamente as implicações morais dessa escolha.

Lift: Roubo nas Alturas (Lift)” é um filme de ação que entrega exatamente o que promete: uma experiência divertida e repleta de adrenalina. Embora o roteiro tenha suas falhas e algumas cenas exijam uma suspensão de descrença considerável, o carisma de Kevin Hart e a direção competente de F. Gary Gray garantem uma boa dose de entretenimento. Não é um filme que redefine o gênero, mas é um passatempo satisfatório para os fãs de assaltos audaciosos e sequências de ação bem coreografadas.

Para aqueles que procuram um filme de ação com uma premissa interessante e um elenco carismático, “Lift: Roubo nas Alturas” vale a pena o ingresso. No entanto, não espere encontrar algo revolucionário; o filme é mais uma aventura leve do que um thriller psicológico profundo.

Lift: Roubo nas Alturas (Lift)” é como um voo turbulento: tem seus altos e baixos, mas no final, consegue pousar em segurança.

Nota Geral: 3,5/5

Avaliação Geral de Lift: Roubo nas Alturas

Roteiro
Desenvolvimento dos Personagens
Cenas de Ação
Atuações
Originalidade
Efeitos Visuais
Direção:

Nota Geral: 3,5/5

Lift: Roubo nas Alturas’ é uma produção de ação que entrega momentos emocionantes com seu enredo de assalto em pleno voo. A trama, repleta de reviravoltas e cenas de ação bem coreografadas, mantém o espectador interessado, embora caia em alguns clichês do gênero. O elenco, liderado por Kevin Hart, faz um bom trabalho ao trazer humor e carisma para a narrativa, mas o roteiro poderia ter explorado mais a profundidade dos personagens. Apesar disso, o filme cumpre seu papel de entretenimento e é uma boa escolha para quem busca uma diversão leve e cheia de adrenalina.

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